Preconceito em pleno século 21
Atualizado: Jan 17
É incrível como em pleno século 21 ainda existem homens machistas, retrógrados, arcaicos e antiquados. O caso que vou narrar para vocês aconteceu na tarde de domingo (13), durante a transmissão do jogo Ceará x Avaí em jogo válido pela Série A do Brasileirão.
A partida estava sendo transmitida ao vivo pela Rádio Jovem Pan News e em um certo momento o narrador fala para o comentarista: “Estou percebendo, meu caro Daniel Câmpelo, que as mulheres estão começando a tomar conta da arbitragem no futebol brasileiro, o quê que você acha?” (Havia uma mulher bandeirando esse jogo)
O comentarista responde: “Eu não acho uma boa não! MULHER DEVE TOMAR CONTA É DE CASA E DO MARIDO E DOS FILHOS!”.
Após o comentário ridículo feito por esse comentarista, o mesmo teve a chance de se retratar na tarde de segunda-feira (14) em um programa ao vivo da mesma emissora, mas ele acabou piorando a situação e gerando mais revolta nas pessoas que viram e ouviram o que foi dito por ele.

A afirmativa infeliz do comentarista desqualifica o trabalho feito por essas profissionais, que fazem o seu serviço tão bem quanto os homens. Alguns vão dizer que essa é apenas a opinião dele. Claro, ele pode ter a opinião dele, ter os pensamentos dele, mas a partir do momento que ele expõe e fere o espaço de outras pessoas, isso deixa de ser algo pessoal e passa a ser algo social. Com essas palavras, o comentarista demonstra total desrespeito as mulheres em geral e com a arbitragem feminina brasileira. Ele mostra também total desconhecimento do trabalho prestado por essas árbitras, que se esforçam e se dedicam com muito amor e sacrifício a esta profissão que já não é fácil nem para os homens.
A rádio Jovem Pan, que é uma empresa séria chegou a soltar uma nota se retratando e com as mulheres. E a Associação Nacional dos Árbitros de Futebol – ANAF, também apoiou as árbitras e as mulheres.
Ontem (15), circulou nas redes sociais que esse senhor foi desligado e não fará mais parte da equipe Jovem Pan Fortaleza. Nós árbitras (eu me enquadro nisso, pois ainda atuo como árbitra), além de cuidar da casa, dos filhos e dos maridos, ainda somos nutricionistas, confeiteiras, empresárias, professoras, radialistas, jornalistas, médicas, policiais, mãe, filhas, esposas, irmã, amiga e ÁRBITRAS DE FUTEBOL! Somos mulheres guerreiras!

Trabalhamos diariamente para combater, homens igual ao Sr. Daniel Campelo, e ter um espaço onde quer que seja, onde a competência não seja medida pelo gênero e sim pela excelência do trabalho exercido. Trabalhamos para tentar acabar com esse MACHISMO que atrasa a humanidade e seu desenvolvimento.
A história da arbitragem feminina de futebol é brilhante, não porque foi uma brasileira que iniciou tudo isso, mas pelas lutas, pelos paradigmas quebrados, pelas barreiras vencidas e pelo excelente trabalho que as mulheres vem fazendo dentro do esporte e da arbitragem.
Os tempos mudaram, não vivemos mais nos tempos das cavernas e hoje a mulher não é mais submissa ao homem. A mulher é livre para fazer o que quiser, na hora que quiser e quando bem entender.
Então você mulher, vá ao estádio, torça, grite, jogue, trabalhe e dê cartão vermelho para o preconceito e para o machismo. Sou MULHER, sou ESPOSA, sou FILHA, sou TRABALHADORA, sou JOGADORA, SOU ÁRBITRA DE FUTEBOL e mereço respeito pelo meu gênero e pela profissão que exerço!
LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER!